sábado, 4 de abril de 2009

Contagem Regressiva

Fazia tempo que não sentia tanto frio
a noite; por diversas noites me aqueci nos braços de diversos
homens. Os carros e as pessoas continuam seguindo esse fluxo
linear que os mesmos chamam de vida; me olham com tanto desprezo
e repulsa, no começo me sentia envergonha pelo o que eu sou,
mas agora sei exatamente o que eu sou, sou o mesmo ser humano
que respira, anda, come e que busca as mesmas conquistas que
eles; como um marido, filhos uma vida do qual eu me orgulhe ...
não que eu não me orgulhe do que eu sou.
Alguns jovens varrem
as ruas da angustia depredando e balbuciando palavras de fúria,
não me preocupo; ao contrario me alegro por que com pouco trabalho
consigo muito dinheiro com tolos insensatos como eles.
São
três jovens de classe alta, que para demonstrarem sua rebeldia
no qual não vejo razão, usam drogas e anarquizam nas ruas para
criarem esse alusão de liberdade. O mais alto e aparentemente
o líder do pequeno grupo resmunga palavras inaudíveis, seus olhos
medem meu corpo como um mero objeto e seu rosto tem uma expressão
repulsiva, me causando náuseas; não gosto de recusar trabalho
mas em casos como esse prefiro manter minha integridade.
Ao
recusar o jovem me olho com raiva, sem perceber os outros já
estavam me cercando, um soco corta o vento me acertando na mandibula;
sou frágil, escuto os ossos do meu corpo se partindo. Sinto o
gosto do sangue em minha boca, em uma tentativa inútil, tento
cuspi-lo . Sou jogada como lixo dentro de um lugar escuro, mas
menos escuro do que minha visão junto com minha mente ficaram
agora.
Acordo, mal posso ver por causa do sangue em meu rosto;
a dor e tanta mas não consigo gritar; mal consigo respirar sem
engolir sangue, e nesses momentos que nossa mente começa uma
especie de contagem regressiva sobre nosso estimado tempo de
vida.
Não sei quantas vezes perdi minha consciência, mas somente
consegui mante-la quando me arrastaram para fora de algo que
parece um porta-malas, estúpidos comigo me puxam como um pedaço
de carne, como se eu não fosse nada, arrastando meu rosto que
penso eu estar desfigurado contra o solo de areia fria e cortante,
sinto meu corpo ser erguido e solto ... por um momento me sinto
livre das amarras de uma vida difícil, dura, constrangedora,
sofrida, mas a liberdade acaba quando meu corpo chega ao solo,
novamente a minha contagem regressiva começa.
Me pergunto como
vim parar aqui, não nesse poço, mas como cheguei nesse ponto
da minha vida. Como eu desisti de tentar e fui para o caminho
que eu imaginava ser mais fácil que na verdade e o caminho mais
difícil.
Não sei quanto tempo se passou mas contei em minha
mente a luz do sol passar por cima do meu corpo por duas vezes
e me aquecer durante um curto espaço de tempo.
Ao longe escuto
o som de inúmeras pessoas conversando, mãos passam em volta do
meu corpo, aparatos são colocados em meu corpo; provavelmente
para eu não poder movimenta-lo, minha consciência me leva a um
sono profundo novamente. Sonho com uma vida diferente da minha,
possuo 1 filha muito parecida comigo, uma casa no campo com um
amado marido, mas minha mente não permite tal distorção da realidade
me levando aos becos escuros novamente, me fazendo desejar somente
a morte.
Acordo com uma luz brilhante na minha frente e o som
de um bipe soando ao fundo, uma voz serena diz com muita suavidade
“ela vai viver e incrível que tenha resistido tanto tempo”.
A
única coisa que consigo pensar no momento e que minha contagem
regressiva tem um tempo maior do que eu imaginava.



Rafael

Texto do Rafael

Pois é... a falta de inspiração me consomem!!!! O jeito é postar o texto de um gato ae...



Em uma tarde de junho, os céus estavam sem seu esplendor ; cercado
por uma nuvem negra de rancor gerado pela civilização. As ruas
ecoam com o som alto e sincronizado do marchar de inúmeras pessoas;
braços são erguidos; gritos são ouvidos de longe; faixas são
erguidas.
O monstro espreita com armas; armas que sopram fogo
de boca prateadas; armas que quebram ossos com sua couraça transparente.
As
pessoas não temem o choque das garras negras batendo em um ritmo
único contra a couraça. O monstro não teme o clamor de incomensuráveis
vozes caminhando em sua direção, e em resposta os golpes contra
a couraça aumentam a força, causando assim o inicio de um embate
visual.
De um lado uma causa a ser defendida do outro aqueles
que julgam que a ordem deve ser mantida; a visão dos oprimidos
se debate com o reflexo da armadura negra do monstro que em nenhum
momento demonstra ter medo ou ate mesmo arrisco em dizer se
algum dia chegou a sentir alguma emoção ou sensação. Não sei
dizer se foram segundos ou se foram seculos que esse embate durou,
mas sei dizer com certeza quem começou o massacre, do coração
da fera um sopro de fumaça branco cruzou o céu causando dor e
desgraça naquelas que o encaravam. Em resposta uma luz dourada
corta o mar cinza, vindo do coração de uma multidão enraivecida,
batendo contra o muro da imponência causando assim uma reação
em cadeia.
O Monstro corre em direção ao povo que não foge,
ao contrario avança e percorre o espaço em uma velocidade surpreendente
se de gladiando contra o opressor. A chuva começa mas nada muda;
pessoas continuam gritando; ossos continuam quebrando; a fumaça
branca continua pairando e tirando o equilíbrio desse confronto.
Meu
ultimo movimento naquele momento foi acender a raiva que eu possuía
em uma garrafa de Jack preenchida com álcool e atira-la contra
a mutação que chamam de estado. A garrafa estoura contra o escudo
engolindo uma parte do monstro em chamas; chamas da raiva que
ficou acumulada durante anos de repressão; chamas do fulgor de
uma sociedade que precisa de ajuda; chamas de um um único espirito
um único movimento. A mascara que cobre meu rosto e arrancada
com um golpe quase decapitador ... meu corpo cai se destruindo
contra o solo, golpes vindos de diversas partes acertam ... sinto
o sangue quente deixando meu corpo ... o frio me toma.
Minha
mente vagueia em meus últimos suspiros de vida, vagueia sobre
o fim dessa guerra, vagueia sobre um resultado, vagueia sobre
minha esposa que deixei cuidando de meus dois filhos, vagueia
sobre o que eu fiz e me pergunto se realmente valeu a pena.



Rafael

sábado, 28 de março de 2009

Meia - Estação

Não gosto de meias estações, o vento é frio, o sol muito quente... Vento agradável é somente aquele de topos de montanha, aquele que nos faz respirar mais fundo, que nos trás sensação de liberdade, que nos faz querer gritar, a fim de transbordar aquela insegurança, o nervoso, soltar os sapos engolidos.

Gosto do frio, ele nos traz conforto, as pessoas são mais elegantes, nos deixa com vontade de não sair da cama de manhã, mas aquele vento frio da manhã nos revigora, trás o sentimento de uma vida mais leve.

O calor é quase insuportável, nos abafa, só é agradável acompanhado por uma cerveja gelada, na sombra e de preferência de óculos escuros!

Gosto da meia luz é misteriosa, agradável, não nos obriga a forçar os olhos como uma toupeira, evitando assim rugas posteriores!

Gosto do humor e do debate, gosto de contradizer, argumentar e gosto também de me sentir pequena, aspirando assim algo maior.

Não sou de meias palavras, sou do subentendido, do direto, das reticências...

“Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher”.